Contra o frio e chuva lá fora a terapia é amarela
Dei por mim ao espelho, tardíssimo. Lavei a cara num momento de cinema e passei em revista os clichés todos: Quem sou eu? Que alucinação permanente é esta? Para onde vou? (Vou ter dinheiro para o taxi?). O que é preciso fazer para calar esta voz dentro da minha cabeça? Será esta época? E o europeu?
Revi a História e lembrei-me que muitos dos que já fizeram asneira tinham o meu sangue. E eu tenho o deles. Pensei em dar uma cabeçada ao meu irmão gémeo que me imita desde que nasci e sangrar as asneiras pela testa. Mas isso era outra asneira.
Vou errar vezes sem conta, tou sempre a partir a ponta do lápis, não consigo apontar nada.
Já estou no dia seguinte. Penso que estou no anterior sem me lembrar dele.
Vivo neste segundo minúsculo e tenho de fazer maravilhas montado nele. Um passo para trás ou um passo para a frente é uma vertigem. Faça o que fizer o gémeo vai ver e copiar. Estúpido.
Não percebe que quando eu desaparecer ele vem comigo. Não sei como vai aguentar os remorsos. Uma vida a fazer imitações ao milímetro, uma oportunidade desperdiçada sem poder rebobinar.
O dia do outro lado da janela acorda e eu vou-me deitar a pensar se hoje, só hoje, ele me ouviu e sem ninguém ver, adormeceu mais rápido que eu.
Um dia destes perdemos a cabeça e muda-se isto para enfarte do pericárdio
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