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Thursday, December 20, 2007

E porcas nº treunze no sapatinho

No tempo em que se abre uma pálpebra, atravessa-se duma ponta à outra Courelas da Amoreirinha.
Isto se se praticarem velocidades moralmente responsáveis, amigas do ambiente e não muito chegadas à pinga, caso contrário, metade do tempo em que se abre uma pálpebra (1/4 de pestanejar, portanto) chega perfeitamente.

Os flamingos passavam anualmente por Courelas da Amoreirinha, num enorme bando.
Este acontecimento marcava infalivelmente a chegada do vento de Outono e, infalivelmente, ninguém assistia – os flamingos são pássaros rápidos.
Por isso, quando o vento de Outono chegava, era sempre de surpresa e as folhas que ele levava atrás de si, como por encantamento, só eram vistas já a algumas milhas da povoação, por binóculos.
Era assim que se viam as estações em Courelas da Amoreirinha, pelos binóculos ou outros aparelhos de encurtar distâncias. Ali, onde as estações não chegavam, só passavam, sabia-se que, depois de se não ter visto as folhas a ser levadas, se ia falhar por pouco as chuvas e depois quase colher flores e ouvir cantar os pássaros e depois quase ter calor e arregaçar meia dobra a manga esquerda da camisa.
E o tempo passava assim, num ciclo grande e lento e as pessoas gostavam do prazer calmo de olhar pra trás, talvez.

AVISO: Nenhuma das opiniões expressas neste texto são apoiadas pela pessoa que o escreveu nem por ninguém que ela conheça - há mesmo quem diga que este texto não vale um enfarte do miocárdio.

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