Em como as listas telefónicas da grande Lisboa e Estremadura são a coisa mais desorganisada na história da emissão por satélite de origem irlandesa
e talvez mesmo a causa da anarquia inerente a qualquer interpretação do Livro da Selva da Disney.
Ergueram-se os prédios.
O Velho era apanhador de moedas de profissão. Apanhava outras coisas mas isso, dizia ele, eram hobbies: "Uma pessoa, se quer ser boa a fazer o que quer que seja, tem de se concentrar, não se pode perder com brincadeiras. Eu cá apanho moedas há muito tempo."o Velho repetia-se. Era velho, não é de espantar.
Segundo rezava a história, o Velho tornara-se apanhador de moedas cedo. Um dia, baixou a cabeça para passar por debaixo de uma corda de estendal e, pelo lógico facto de não ter olhos na nuca, nunca soube se já tinha passado. Assim ficou para sempre. E, como as pessoas inteligentes sabem adaptar-se, aproveitou o facto de estar permanentemente dobrado para evitar a corda do estendal para analisar com mais atenção aquela coisa grande e relativamente achatada que costumamos pisar, o chão. Tornou-se apanhador de moedas. Ainda o era quando o conheci.
Muitas vezes, deitava-me no chão, à porta de minha casa, à espera que o Velho passasse e me encontrasse. Ele parava sempre um pouco e contava-me sobre as moedas e outras coisas maravilhosas que descobria. Certo dia, tinha apanhado uma corda que me disse ser muito parecida com aquela sob a qual ele temia estar ainda a passar. Disse-lhe que era provável, que o tempo passa e as cordas apodrecem.
Soube na manhã seguinte que o Velho tinha morrido, que tinha dado uma cabeçada já não sei onde.
Entretanto eu perguntava-me se, numa cidade em que toda a gente é, quer ser, imita ou é pseudo intelectual, eu devia mudar-me para trás-os-montes para plantar batatas e esquecer-me de ler e escrever.
Caíram os prédios.
Do que é que estavas à espera, amiguinha? Nada dura para sempre.
E o enfarte deixa-se ficar por aí...para o menino e p'rá menina.
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