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Sunday, June 11, 2006

Desculpa

Arranquem-me das mãos a tesoura com que cortei as asas do anjo. Limpem-me da cara o sangue e digam-me que a culpa não foi minha. Por favor, convençam-me disso. Digam-me que a culpa foi do mundo ou da televisão ou do sistema.
Não me quero lembrar do momento em que me apercebi que repetir um pedido de desculpas não tornava as coisas menos más nem afastava o sofrer.
O não amar é inexplicável e muito menos desculpável. Muito, muito menos.
Agora não faço as pazes comigo mesmo porque não quero. Prefiro afogar-me na água até que esta me dilua e desfaça as imagens e as fotografias. Água verde-âmbar, água com sabor a esquecer.
Não sei se algum dia o vou escrever na parede, mas, caso o faça, sei que as vou rever, às imagens e fotografias semi-inteiras. Não quero. Não sei se quero. Não sei.
Sei, sim, que este texto não passa de uma repetição de um pedido de desculpas. O mesmo do costume. Por enquanto, ainda não encontrei outra coisa que possa fazer senão repeti-lo, repeti-lo, repeti-lo, repeti-lo, elevá-lo ao expoente do enfarte do miocárdio.

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