Come on (let the good times roll)

Não perco o suficiente para querer mudar. Odeio a análise custo-benefício mas é inevitável, é horrivelmente humano, tão natural como a saciedade viver a latitude Norte e só de vez em quando ir visitar a família.
Ser assim deu mais trabalho do que dá. Agora, sempre que me inclino e dobro uma perna para trás, há uma parede que me apoia e, sempre que me inclino para o lado e espeto o cotovelo, há um balcão pegajoso de taberna que me acolhe. É mais seguro assim.
Dirijo uma superfície comercial que não precisa de mais clientes a fazer exigências e tenho, atrás do balcão, duas adolescentes a mastigar pastilha elástica de boca aberta, enquanto falam sobre a vida lá no bairro e olham de lado qualquer pessoa que as interrompa porque precisa de ajuda ou de saber se não temos a felicidade noutra cor ou tamanho.
Sinceramente, nem percebo como é que existem clientes habituais que, passados tantos anos a serem mal recebidos, ainda cá voltam para comprar os seus agasalhos e mantimentos. A única coisa boa que o meu estabelecimento tem é uma banda sonora de outro mundo:
"Hey everybody, let's have some fun,
you don't live but once and when you're dead it's done,
Let the good times roll..."

e ignorem que toda a gente à vossa volta está na horizontal em relação às árvores - enfarte do miocárdio.